Paloma Guimarães
III e ultima carta


"Não deveria ser gratuito o sentimento daquele que ama?
Não é gratuita a chuva que cai abundantemente?"
(Gabriel Chalita)

Charles,

Comecei a pensar em que amor era esse que eu sentia por você, que amor era esse que não me fazia bem, porque amor deveria fazer a gente se sentir bem é assim que aprendemos. Percebi que o meu amor por você era inteiramente egoísta e eu não te ama pelo que você era, mas pelo que eu era perto de você. Hoje eu te amo grautitamente e isso me faz não esperar nada de você e não esperar é não sofrer. Esse sentimento me amenizou colocou meu pés no chão. Te peço desculpas por todas aquelas cartas cheias de rancor- obsessão muitas vezes. Não me culpo por isso. No mesmo livro (cartas entre amigos) Pe. Fábio de Melo diz que "é no momento do desespero que experimentamos a nossa humanidade em suas dimensões mais venturosas". Fui humana, experimentei a dor de perder pra vida alguém que eu amava, e isso dói demais. Experiementei o desespero de não te ver, não te ter, de me encontrar sozinha. Minhas cartas foram reflexos desses desespero e dessa dor que dilacerou o meu juízo. Perdão, eu errei.

"Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de senti
(...)Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre."
(Caio Fernando Abreu)

É assim que eu sinto, acho e que quero viver. Não quero perder a capacidade de me encantar pelas pessoas, não quero ter medo de sentir, medo de amar porque isso pode me ferir. Não, eu não quero. Quero ser a Laura doce, simples, amável por quem você se apaixonou.
Hoje percebo que foi quando te perdi que te ganhei verdadeiramente. Te tenho pra sempre comigo. Agora e mais do nunca.

Laura.
3 Responses
  1. "eu não te amava pelo que você era, mas pelo que eu era perto de você." reticências e eticéteras pra mim!


  2. Anônimo Says:

    eu me vejo em laura!


  3. Na verdade, todo mundo tem um pouco de Laura.
    Tem um pedaçinho dessa menina sonhadora, de uma vontade imensa de amar e ser correspondida. Tem coisa melhor? "o fim é belo incerto, depende de como você vê" já diz o teatro mágico. Laura sofreu de um mal comum a todo: o sofrimento, e aprendeu no fim,amou mais no fim, e amou de verdade no fim. O fim pode ser o que quisermos, desde que a gente queira. {novamente: reticências pra mim}


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reticências alheias...